Planta do Núcleo Colonial de Pariquera-Assú, de 1906. Museu da Imigração. Acervo Digital

História

O núcleo colonial de Pariquera-Açu foi fundado, por determinação do Governo Imperial, no ano de 1855 e os trabalhos de demarcação de terras foram iniciados no ano seguinte, para o que foi escolhida a parte do território do município de Iguape conhecida pela denominação de Guaricana.

Uma série de acontecimentos retardaram a implantação dessa colônia, dividindo-a em três fases.

AS TRÊS FASES DA COLONIZAÇÃO.

O núcleo que se desenvolveu no sítio de Guaricana, deve-se à criação da Inspetoria Geral de Medições de Terras, em 1856, pelo Governo Imperial.
Daí a nomeação do Primeiro Tenente e engenheiro Rufino Enéas Gustavo Galvão para o cargo de Inspetor Geral que se encarregou do trabalho da divisão de terras de terrenos devolutos de vários municípios da então Província de São Paulo, dentre eles, as de Iguape e Cananéia.
O local escolhido foi informado ao Presidente da Província, em documento datado de 1858, pelo então delegado de polícia de Iguape, João Manoel Junqueira:
“…o melhor local para o assento da Colonia é aquelle que fica entre os rios Pariquéra-mirim e Pariquéra-assú, cujo terreno é próprio para a cultura de toda e qualquer plantação, e por elle correm ribeirões próprios não só para uso doméstico como para estabelecimento de qualquer fabrica.”

Lote do Núcleo Colonial de Pariquera-Assú, 1898. Museu da Imigração. Acervo Digital.

Para tanto, partiu de Iguape em 1859, o Dr. Fernando Gotthard, em virtude de sua nomeação para o cargo de diretor da “nova colônia que se ia criar no 1º Território de Iguape”. Após denúncias de desvios de materiais e verbas destinados para a nova colônia, Dr. Bernardo Augusto Nascentes de Azambuja, Ministro do Império, tomou a resolução de extinguir a colônia, ainda em estado embrião, pelo Aviso de 22 de agosto de 1861:
“…retirar do dito território não só o director provisório, que para ali fora mandado, como quaesquer outros empregados e trabalhadores que estivessem sob suas ordens, remetendo ao ministério a conta das despesas effectuadas desde a nomeação do director, até essa data.”

 

Logo depois da exoneração o cargo foi substituído, em 1876, pelo Dr. Manoel Barata Góes que também acumulou a direção da colônia de Cananéa e a do “despresado territorio de Pariquéra-assú”. Foi na sua gestão que alguns dos estrangeiros de Cananéa passaram a residir na nova colônia que ficou completamente abandonada até o ano de 1886.

Imagem sem data da “Casa na sede da colônia do Núcleo Colonial de Pariquera-Assú, município de Jacupiranga, Comarca de Iguape”. Hotel da D. Anna Relidn. Do acervo digital do Memorial do Imigrante.

É nessa fase que, pela primeira vez e em documentos oficiais, aparece o nome Pariquéra-assú, no lugar de Guaricana. Dessa forma, tínhamos em Pariquera-Açu alguns poucos habitantes. Não se tem notícia se aqueles que vieram de Iguape com Fernando Gotthard, por conta da demarcação de terras aqui permaneceram. Sabemos, no entanto, de uns poucos nomes que aqui já se encontravam quando da chegada dos primeiros colonos, em 1857.

São eles: os Goedke, os Simonetti, os Rangel, os Melcher, os Nielsen, os Michaelis e os Schlz. Alguns partiram, outros ficaram e deram início ao vilarejo de Pariquera-assú.

Hospedaria Imigrantes

Grupo de imigrantes na Hospedaria de Imigrantes, São Paulo. Sem Data. Museu da Imigração. Acervo Digital.

Após vinte e cinco anos de abandono, vivendo distante dos projetos imperiais, recebendo estrangeiros da colônia vizinha de Cananéa, em 1887, o governo da Provincia anuncia autorização de investimento em obras de continuação da Colonia de Pariquéra-assú.

Iniciou-se, então a construção de um novo barracão “para a recepção dos imigrantes, que ali vão se estabelecer.”

Livro “Memória Histórica de Pariquéra-assú”, de A. Paulino de Almeida que registra a chegada das famílias ao município. Imagem da capa original do livro.

A imigração subsidiada priorizava a vinda de famílias e homens adultos ao país, que desembarcavam no Porto de Santos e eram levados de trem até a Hospedaria dos Imigrantes, na capital. A Hospedaria de Imigrantes era destinada a abrigar os recém-chegados nos seus primeiros dias em São Paulo. Os trabalhos de construção do espaço para acolhimento dos colonos estrangeiros começaram no dia 20 de abril de 1887 e, finalmente, no dia 15 de setembro do mesmo ano, Pariquéra-assú recebia os primeiros colonos: italianos, remetidos pela Hospedaria de Imigrantes da Capital.

O Núcleo Colonial de Pariquera-Açu foi emancipado através do Decreto nº 995 de 11 de Janeiro de 1902. Sua população já se aproximara de 2000 habitantes.
O automóvel passou a ser produzido em linha em 1929, por Henri Ford e chegou a Pariquera trazido por Estanislau Cugler, em 1929.

Em 1935, o número de veículos existente na colônia, então distrito, não ultrapassava a cinco. Não havia televisão no mundo, nem rádio em Pariquera, os primeiros chegaram em 1939, dois ou três marca Philipis fabricados na Holanda.

“Não havia telefone e o telégrafo era a fio, transmitido pelo código Morse. Não havia luz elétrica, só lampiões a querosene. Não havia chuveiro elétrico nem simples; os banhos eram de rio, de banheira ou de gamela. Não havia água encanada nem banheiro. A água era de poço, tirada a balde, no serrilho, a privada era uma casinha no quintal, com fossa, ou no mato. Não havia geladeira, a primeira a querosene, Eletrolux, foi adquirida pela minha avó em 1937. Não havia qualquer dos eletrodomésticos que conhecemos, nem fogão a gás, nem lâmpada, nem interruptor, nem válvula hidra, nem campainha, nem bicicleta. Uma coisa tinha: máquina de costura Singer. A vida era simples e primitiva: panelas de ferro, chaleiras com água, permanentemente sobre a chapa do fogão de lenha, água de balde, lamparina durante a noite, máquina de moer carne, cilindro para abrir massa (para macarrão, pastéis e pão), gamelas e bacias de flandres, rodos e vassouras, estas de timbó-peva ou guanxuma. (…) As roupas todas eram confeccionadas em casa.”

Trecho extraído do livro “Capital do Mundo: Incógnita por Razões de Segurança ou Insignificâncias ao quadrado”, de Irineu João Simonetti.

Em 1906, o Dr. Carlos Botelho, Secretário da Agricultura do Estado determinou a anexação de áreas contíguas à Colônia, foi elevada a Distrito de Paz, adjunto ao município de Jacupiranga e Comarca de Iguape. No dia 10 de agosto de 1953, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou a realização de plebiscito para elevação de Distrito a Município. Em 25 de outubro de 1953 foi realizada consulta popular que optou pela emancipação por 503 votos, um em branco.

As primeiras eleições municipais foram realizadas no dia 3 de outubro de 1954. Foram eleitos; para prefeito: Ivo Zanella, 790 votos versus Horácio Simonetti, 158.
Para vice: José Padovan Neto, 790 versus Antonio Redis, 158.
Vereadores eleitos, da situação: Cícero Zanella, Narciso Adrião, Abílio Prévidi, Gentil de Ramos, José de Oliveira Lacerda, Aquino Rangel, Cândido Raymundi, Álvaro Galvão e Celso Marques Aguiar.

A CHEGADA DAS FAMÍLIAS EM PARIQUERA-AÇU

Frederico Wenda; Stephan Piocker; Max Alter; Otto Donath; Henrique Klepa; Joseph Ambach; Stephan Klettlinger

Antonio Bauer; Louis Chalet; Carlos Oscar Sohn; José Jacob; Jacob Hans; Floriano Kubalat; Francisco Bauer; Francisco Chirom; Francisco Jacob; João George Madeleir; Simon Giuseppe; Juliens Richard Dietrich; George Lane

André Pavience; José Hellegda; Stephan Senik; George Engel; Stanislau Kwiatkowski; Michel Kotona; Giovanini Valerio; Rodolpho Shlenp; Menon Luigi; Augusto Knauft; Ernesto G. Wolff

Carlos Munkhammer Godofredo Humphiers; Joseph Kuprich; Giroli Annibal; Antonio Brosmann; Matheus Ilek; Matheus Grozz; João Batista Bromler; Augusto Abraham; Stephan Kern; João Oweraxski; André Powieniecz; Christian Pulhl; Hermann Arnord; Josep Sanin; Franz Lemberg; Voichetz Stonoga; Pedro Izaroski; João Owezarski; Mathias Krimm; José Mireider; João Schmidt; João Schule; Ignacio Schule; Demetrio Forme; Ernesto Forme; Francisco Brosmann; Giovani Siberna; Pedro Palinkas; João Verneck; Valentim Siedlarczyk; Venceslau Siedlarczyk; Francisco Siedlarczyk; Emilio Bouillet; Mattes Yrlek; Previd Paschoal; Cremor Luígi; Pandoram João; Itala Casela; Stanislau Kugler; Stanislau Vesguerber

Netis Adestem; João Buaski; Gregorio Graviniscki; Himon Joan; G. Roechi; Michol Hemon; Mihoto Savokio; Liko Janovo

Bazoli Giacomo Felice; Simone Giacomo; Arcine Jacomo; Affonso Bouillet; Leon Bouillet; Francisco Iwanski; Edmundp Bouillet; Delai Bartholo; Rossini Giovani; Pedro Salleti; Antomdi Giuseppe; Felix Bouillet

José Kinchin Jor; Antonio Hovilosky; João Garcia Alano

Raphael Gruppioni; Casemiro Berthoriko

Emilio Orbelli; Concetta Buzzo; Bonni Giovanni; Bonna Giuseppe; Arnoldo Lamagne; Grupione Archangela

Valentim Olbnisz; Casemiro Blaski; João Ochocinski; Miguel Patykavski; Josepp Paukowski; Ignacio Kochorek; Ponssoni Gianni; Alexandre Weschesky; Coppi Lourenço; André Schiskwist; João Guttard Halom; Peter Zumbrum; João Hardt; Maria Kinchin; Theophilo Redys; Wladislau Hellegda; Pedro Witascki; Joseph Zelisky; Adão Brzezinski; José Kugler; João Paulkosky; João Kugler; Adão Paulkosky; Antonio Valdosky; André Paulkosky

Godlibe Barkmann; Pedro Bellini; David Dafoneli; Biagio Franciosi; Sanson Guiuseppe; Franciosi Pietro; Buttini Carlos; Erik Erikson; Maximiano Gibertoni; Navilli Ercole; Lamagne Vincenzo; Angelo Bertolleti; Ana Grelte; Marcon Vincenzo; Bonni Secondo; Bonni Luigi; Vichi Angelo; Lamagne Angelo Maria

Pedro Santini; Tancredo Cafravier; Arcari Giovanini; Ramponi Enrico; Rizzi Vincenzo; Coppi Paulo; Franc Constante; Carmine Ciandella; Alberto Goedk; Luiz Cardillo; Pellegri Luigi; João Haytzmann; Fava Vitto Guido; Augusto Abissa; (viúva) Lodi Vincenzo; Carmine Luigi; Julio Marietto; Butturi Angelo; Battarini Giuseppe

Giuseppe Zanella; Marcello Marietto; Zanella Baptista; Domingos Marietto; Raymundo Candido; Angelo Barduco; Luiz Zanella; Giuseppe Pandovani; Alberto Barduco; Fortunato Zanella; João Olivia

Inacio Schultz

Júlio Michaelis

Fernando Melcher; Gustavo Nielsen

Viúva Gustavo Melcher

Fazoli Eugenio

Guilherme Goedke

Hino de Pariquera-Açu

Entre matas bem verdes e rios tão claros
No seio do vale nascestes
Com teu povo nativo e teus imigrantes
Criastes raízes, crescestes…
Tens muitos solos fecundos que os homens da terra Hão de transformar em riquezas
Tens a beleza da fauna e da flora nativas
Tesouros da mãe natureza…
O teu futuro, Pariquera-Açu,
Está nas mãos de cada cidadão,
Está na força e no amor
Que o povo tem no coração.
Pariquera-Açu.

Composição: Érica Marin do Ó

Bandeira de Pariquera-Açu

Bandeira do Município

Brasão de Pariquera-Açu

Brasão do Município

 

 

 

 

 

 

PREFEITOS ELEITOS DESDE A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO EM 1953

O Município foi criado pela Lei nº 2456 em 30 de dezembro de 1953, e instalado em janeiro de 1954, só a primeiro de janeiro de 1955, o município viu empossado seu primeiro prefeito: Ivo Zanella, que lhe dirigiu os destinos até 1958.

Prefeitos eleitos (1955 a 2021)

  • 1955 a 1958 Ivo Zanella
  • 1959 a 1962 Cícero Zanella
  • 1963 a 1966 Mário Timm
  • 1967 a 1969 Cícero Zanella
  • 1970 a 1972 Nircilio de Ramos
  • 1973 a 1976 Gentil de Ramos
  • 1977 a 1982 Cícero Zanella
  • 1983 a 1988 Delmar D. Simões
  • 1989 a 1992 Orlando Milan
  • 1993 a 1996 Zildo Wach
  • 1997 a 2000 Orlando Milan
  • 2001 a 2004 Orlando Milan
  • 2005 a 2008 Zildo Wach
  • 2009 a 2012 Zildo Wach
  • 2013 a 2019 José C. Silva

2020 - dias atuais: Wagner Costa

Localização e Acesso

Localizada no Vale do Ribeira, região sul do Estado de São Paulo, Pariquera-Açu está a 229 km da capital paulista, a 208 km da cidade de Curitiba e a 207 km da cidade de Santos. Seu território faz divisa com os municípios de Registro, Iguape, Cananéia e Jacupiranga.
O acesso é feito principalmente pela BR-116 ou pela rodovia estadual SP-222.

 

Dados Ano Município
Área em km² 2010 359,69
População (hab) 2010 20636
Densidade Demográfica (hab/km²) 2010 57,3
Grau de Urbanização (em %) 2009 70,6
População com menos de 15 anos (em%) 2010 24,8
População com mais de 60 anos (em %) 2010 10,6
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2000 0,77
FONTE: Fundação SEADE
AGRADECIMENTOS: Maria Alaides Caldeira Sales, Nilson Roberto Rodrigues, Delmo Dias, Francislaine Müller Bertoli
Pular para o conteúdo